quinta-feira, 8 de março de 2012

rubis de sangue -primeira parte -a primeira vista

A mulher vinha andando pela rua, quase correndo. O suor escorria pela sua testa e pela sua garganta, com algumas gotas repousando levemente no lenço que prendia o seu cabelo na altura da testa. O passo apertava mais, e mais. Pela extensão de seu braço direito, em sua mão, que no momento apertava com força, havia o braço de uma menina, uma figura quase que perfeita da moça que estava correndo. Era sua filha. A criança meio cabisbaixa, corria com dificultado com a mãe quase esmagando a sua pequenina mão. No rosto da mulher, residia um peso … talvez, fúnebre. Sim, era pesado, como se tivesse visto a morte com seus próprios olhos. Com certeza devia ter visto a morte.
- Mamãe, porque tamo correndo assim ?
- A Susana, temos que avisa o investigador Leonardo!
- Por que mamãe ?
- Vamos fazer o seguinte: eu vou encontra o investigador e depois a gente chupa um sorvetinho, tá ?
- Pode ser de flocos ?
- Claro, fia. Agora vamos rapidinho!
Um sorriso no rosto da criança surgiu, preenchendo quase que totalmente a sua face. A mulher e a sua filha agora corriam para chegar rapidamente a delegacia e encontrar o sujeito. O peso de sua face aumentava. O suor caia agora como cachoeira.
O investigador Leonardo estava saindo da delegacia, onde residia o centro de investigação da polícia. Como se fosse um presidiário que acabava de receber um maço novo, pegou um cigarro que estava em seu bolso direito da calça e colocou rapidamente em sua boca. No outro bolso pegou o seu esqueiro, olhando para os dois lados para ver se ninguém o via e acendeu o cigarro provando de uma boa e longa tragada. Como se fosse o último.
- DOUTOR LEONARDOO!! – gritou a mulher para que todos na rua pudessem olhar.
Com a surpresa do grito da mulher Leonardo deixou o cigarro cair no chão. Fora realmente surpreendido naquele momento.
- Doutor, você não sabe o que aconteceu ali perto do lago! Tá todo mundo lá! A policia nem chegou ainda! HAVIA TANTO SANGUE, MEU DEUS ! OS OLHOS, OS OLHOS DA MENINA!
- Calma Jandira, se acalme mulher e me conte o que exatamente aconteceu!
- No lago senhor! A mulher foi encontrada pelo Joaquim. Sabe aquele que não tem um braço e trabalha para a prefeitura ? Ele foi limpar os lados do lago como ele sempre faz nas quintas-feiras e encontrou a mulher sem a mão direita!
- Ele viu alguém na cena do crime ?
- Não! E ela estava totalmente sem roupa e tenho certeza que foi algum daqueles bêbados que ficam perto do lago se drogando até de madrugada!
- Eu vou chamar o meu parceiro e iremos para lá, agora mesmo!
- Obrigado doutor, eu precisava falar isso depois do que vi! Agora preciso ir, prometi pra Susana que iriamos tomar um sorvete e sair logo daquele lugar.
Durante toda a conversa, Leonardo escondeu o cigarro com o seu pé direito. Ele escondia que fumava aos habitantes locais. Ao seu parecer, não era bom um representante da lei, o homem que representava e ajudava o povo, fumar ou beber. Era errado!
- Estava fumando escondido de novo ? – Disse Josué surpreendendo novamente Leonardo enquanto tentava pegar outro cigarro escondido.
- Não .. eu … a cale a boca! – guardou o cigarro e o esqueiro nos bolsos.
- Eu sabia! Afinal, o que a Jandira queria ? – deu um copo de café que estava em suas mãos para Leonardo.
- Nos dando trabalho, horas. O que uma pessoa da cidade nos daria afinal ?
Os dois foram até a garagem da polícia confabulando sobre o que fora encontrado pela mulher e o que poderia ser a provável a causa da morte. Estupro, assassinato, roubo. Qualquer um dos três ou os três juntos. Entraram no carro e ligaram a sirene, um dos muitos privilégios que um policial poderia ter. Foram com velocidade até o lago.
Quando chegaram próximo do local do crime, havia uma multidão tão enorme que dificilmente os que estava atrás podiam ver o corpo mas, mesmo assim, queriam vislumbrar a morte que ocorre tão próxima. Afinal, ver uma mulher totalmente nua e morta em um dos pontos turísticos da cidade não era uma coisa que podia-se ver todos os dias. Leonardo saiu do carro e foi surpreendido por um turbilhão de perguntas e gritos horrorizados da multidão.
- Sangue ! – o povo gritava.
Empurrou-os e gentilmente e pediu licença para passar até chegar o corpo. Sem sucesso. Era um de seus feitios ser extremamente educado, e sempre o era ao contrário de seu parceiro. Empurrando e abrindo passagem, Josué se assemelhava a Moisés quando abriu o mar vermelho. Vermelho. A cor rubra era vista de longe, antes mesmo que ver o corpo da mulher, lá estava ele, marcando a cena do crime com uma brutalidade incomensurável aos olhos. Era muito sangue.
- Ah, sabia que devia ter almoçado depois das treze horas. – disse Josué ironizando a visão.
- Esses quilos na sua barriga falariam o mesmo se não fossem muitos para calar a voz que sai do seu estomago quando ele pede por um regime!
Os dois riram. Mas quando chegaram puco mais perto do corpo, não foi riso que saiu dentre a boca dos dois. O sangue era demasiadamente evidente e vivo, fazendo uma poça com mais de 6 metros quadrados. Nessa mesma hora o pessoal da perícia criminal chegou no local abrindo passagem entre os nativos, para que fizessem os testes necessários e para trazer uma luva aos investigadores. Alguém teria que saber o que aconteceu ali, agora ou depois. Chegando bem próximo ao corpo, o rosto de Leonardo se transfigurou em uma carranca. Nojo. Ver o punho decepado quase o fez vomitar e mesmo se recompondo e olhando atentamente, não encontrou se quer sinal de vestígios da mão da mulher que jazia em sua frente.
- Como um corpo tão pequeno pode espalhar tanto sangue ? – arquejou Josué.
- Realmente não sei, realmente não sei. Ache o tal do empregado da prefeitura que cuida do lago e chame-o para o interrogatório imediatamente. – forçou novamente seu estômago para que o seu almoço não saísse inteiro pela sua boca.
- Claro, já vou encontrar ele no meio desse todo de gente.
- Eu gostaria que encontrasse mesmo … ela … aaa …
- O que é isso nos olhos dela ? – Josué arregalou os olhos.
Leonardo colocando a luva de silicone trazida pela perícia na mão direita, tocou nos olhos da mulher. Sem dúvida uma bela mulher. Um metro e sessenta aproximadamente, seios incrivelmente fartos com as aureolas e os mamilos surpreendentemente rosas. Tinha mais ou menos uns cinquenta e quatro quilos ao seu ver. Branca, muito branca e seus cabelos incrivelmente loiros faziam destacar o reluzir de sua pele de origem caucasiana. Era linda … mas agora, morta e apodrecendo. Leonardo levantou com dois dedos as pálpebras de seu olho direito e … não foi seu lindo olho provavelmente azul como suspeitara que acabou encontrando.
- MAS QUE MERDA É ESSA ? – gritou Josué quando avistou as enormes pedras preciosas que preenchiam a cavidade ocular daquela estonteante mulher morta.
- Rubis … são rubis eu acho.

Sem comentários:

Enviar um comentário