quinta-feira, 15 de março de 2012

lendas de terror da França

Rugarou o Homem Lobo

No episódio 4 da quarta temporada de Sobrenatural, Sam e Dean são chamados por um caçador de nome Travis para ajudá-lo a matar um rugaru. Ele conta aos irmãos que há alguns anos ele matou um rugaru, pensandoque tinha terminado com a “maldição”, mas infelizmente ele descobriu que a esposa dele tinha tido um bebê e agora essa criança era um homem adulto que em breve se transformaria, pois a maldição do rugaru seria transmitida aos seus descendentes.
Logo o filho do rugaru sofreria uma metamorfose, ficaria com uma fome insaciável e logo provaria carne humana, a partir daí nunca mais deixaria de ser um canibal. Bem, ao contrário do descrito nas lendas, o rugaru do Sobrenatural mais parce um zumbi, com sua pele putrefata parecendo soltar-se do corpo.

Lobo do Ártico (Canis lupus arctos)
Mas nas diversas versões da lenda original,  um rugaru ou rugarou(Roux-Ga-Roux, Rugaroo, or Rugaru) seria uma espécie de lobisomem. O mito começou a ser disseminado nas comunidades americanas de origem francesa e por isso se confunde com a lenda do lupgarou, o homem lobo. Essas estórias vem tanto dos imigrantes canadenses como de franceses que imigraram para a Louisiana.
Loup é a palavra francesa para logo e garou, do franco arcaico garulf, cognato da palavra inglesa werewolf). O loupgarou é um homem que se transforma em animal. É mais comumente descrito como um ser humano com cabeça de lobo, lembrando muito a lenda do lobisomem.
No folclore da Louisiana ele representa uma variante da pronúncia original do francês loup-garou. As estórias de rugaru seriam comum na Louisiana francesa. Ambas as palavras são usados como se tivessem o mesmo significado no sudeste da  Louisiana.  Alguns o chama de rougarou, outros de  loup garou.
Nas lendas dos cajun (1) é uma criatura que caga pelos pântanos de Acadiana e Greater New Orleans, e nos campos e florestas da região.
Acredita-se que seja uma dessas estórias que se diga pra inspirar medo e obediência, para crianças ou para que católicos não deixem de ir à igreja. É dito que os católicos que desobedecerem a quaresma serão perseguidos e mortos pelo rugaru. Na lenda do loupgarou, aqueles que deixarem de observar a quaresma por sete anos seguidos, serão transformados em lobisomem.
Uma lenda comum, diz que o rugaru está sob feitiço por 101 dias, depois disso a maldição é transferida para outra pessoa, se o rugaru sugar o sangue dela. Isso lembra o mito do vampiro, em que a maldição é transmitida para outro pelo ato de sugar o sangue, com a diferença de que o vampiro não consegue se livrar de sua condição.
Outras estórias mostram o rugaru desde como um cavaleiro sem cabeça até o ser derivado da bruxaria.  Em algumas versões, somente uma bruxa pode criar um rugaru – tornando-se ela mesma um lobo ou por amaldiçoar pessoa com a licantropia.
A criatura rugaru é tema de muitas lendas dos nativos norte-americanos. Algumas versões variam do pé grande (sasquatch) ao wendigo.
Alguns estudam a ligação da palavra rugaru, de origem francesa, dentro do folclore dos índios norte-americanos. A palavra não é de origem Ojibwa , mas notadamente de origem francesa. Talvez tenha sido assimilada pelos Ojibwa de Turtle Mountain e os Chippewa da Dokota do Norte, devido ao contato deles com missionários e mercadores de origem francesa, para poderem nomear uma criatura humanóide e peluda.
Enquanto que o wendigo é uma critura temida, o rugaru é  visto como sagrado ligado à  Mãe Terra, assim como o pé-grande.
Notas:
(1) Os cajun são um grupo étnico,  descendentes de canadense da Acadia ou Nova Escócia, provincías do Canadá, com traços de cultura predominantemente francesa, inclusive o idioma.


Uma fábula de sangue


As fábulas não foram feitas para crianças. Elas mostram o que de mais sombrio habita no coração dos homens

"Faça o digo e voltará para a sua casa"
No filme “O Labirinto do Fauno”, o cenário é a Espanha pós Segunda Guerral Mundial. A Espanha governada por Franco. Uma garotinha e sua mãe vão ao encontro do seu novo lar. A garota aparenta somente tristeza. Com ela, seus vários livros de contos de fada. De repente, o carro quebra e ela aproveita para fugir por um momento, afinal o lugar é belo. Uma floresta ancestral. No seu novo lar, no meio da floresta, ela vai encontra seu padastro.
Ao chegar em sua nova casa, ela encontra um labirinto muito antigo, sendo advertida a não entrar lá. Mas claro, sendo uma criança, isso só aguça a sua curiosidade. A partir daí,  garotinha encontra todo tipo de figura surreal. Fadas, um fauno, monstros. Enquanto que no mundo real, os rebeldes contra o governo Franco também encontram os seus próprios monstros, um deles personificado no cruel padastro da garotinha. Ele é comandante das forças fascistas de Franco. Uma figura dura, um militar enviado para lá para acabar com os maquis, rebeldes que atuavam desde antes 1939.
Ela está sozinha no meio de uma guerra, com uma mãe frágil que é totalmente submissa ao padastro, sem forças o bastante para se rebelar contra aquele a quem a mãe insiste que ela chame de pai.
O filme nos traz estranhas figuras, conhecidas de nós, mas todas com toques sombrios. O fauno, surge das sombras, propondo provas a ela para que ela consiga voltar “ao seu reino”. É extremamente desconfortante vê-lo devorar um pedaço de carne crua e ficar imaginando de que seria aquela carbe. As fadas deveriam ser figuras fofinhas, mas aqui elas são estranhas, e também abocanham carne crua… Mas afinal, os contos de fadas originais eram sombrios, lidos ao redor de fogueiras, e com certeza naqueles
Não há como desconfiar da figura do fauno e tentar imaginar se ele realmente tem boas intenções com a menina. Afinal, essas criaturas são conhecidas por enganar os humanos. Mas ela não se importa, porque no meio dos adultos, são somente essas criaturas que estão lá, para ouví-la e a consolar.
Será que eles existem? Seriam frutos da imaginação dela? O filme jamais responde. Você vai tentar adivinhar, mas não vai conseguir. Aqui a ilusão e a realidade se misturam em meio a acontecimentos. E você percebe que os homens é que são os verdadeiros monstros dessas estória.
Coisas típicas dos contos estão lá, a heroína que precisa fazer uma busca para atingir determinado objetivo, muitas vezes a custa de muito sacríficio. Figuras arquetípicas: uma floresta sombria e encantada, o sapo, o vilão, fadas e faunos.
No desfecho do filme, se fica pensando se realmente ela conseguiu o que queria e finalmente chegou ao seu reino encantado.
Notas:
1) O sapo é símbolo de transformação e fertilidade em muitas culturas, e também um símbolo o incosciente. Interessante notar que em uma das missões da menina ela encontra um sapo gigante, talvez uma pista de que a partir daí ela está mergulhada no seu próprio inconsciente e que a partir daí ela sofrerá uma transformação em seu destino.
2) O fauno era deus de chifres da antiga religião romana, que habitava as florestas, campos e planícies, quando ele fertilizava o gado era chamado Inuus. Em literatura ela acabou sendo associado ao deus grego Pan.
Sendo uma das mais antigas divindades romanas, conhecidas como di indigetes, e revelava o futuro em sonhos e vozes para aqueles que dormiam nos locais sagrados dos faunos.
3) O labirinto é símbolo da busca por sabedoria e também do inconsciente. Muitos são atraídos pelo labirinto como uma meio de alcançar auto conhecimento e criatividade, pois ele é um desafio a ser enfrentado para alcançar uma evolução. Caminhar no labirinto clareia a mente. Para os que sofrem, traz alívio e paz.
4) A guerrilha anti Franco começou antes de 1939 no fim da Guerra Civil Espanhola. O coneço da Segunda Guerra Mundial logo após a guerra civil surpreendeu grande parte da Espanha Republicana exilada na França; muitos deles se juntaram à Resistência Francesa. Por volta de 1944, com as forças alemãs em retirada, muitos dos guerrilheiros, voltaram seus focos para a Espanha. Apesar do fracasso da invasão de Val d’Arán naquele ano, alguns pelotões continuaram até o interior da Espanha para se juntar a grupos que permaneciam nas montanhas desde 1939.
 O apogeu da guerrilha foi entre 1945 and 1947. Depois disso, a repressão franquista aumentou, e um a um os grupos foram exterminados. Muitos de seus membros morreram ou foram presos. Outros fugiram para a França ou Marrocos. Em 1952, os últimos e mais importantes contingentes saíram da Espanha. Depois disso, aqueles que resistiram nas montanhas recusaram a escolher o exílio ou se render, lutavam apenas por sua própria sobrevivência.


Sir Parsival e o Sagrado


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Castelo de Tintagel, local de nascimento do rei Arthur
Existem centenas de filme sobre a epoca medieval e os cavaleiros. Eles ainda fazem parte da fantasia romântica de muitas pessoas.
Um dos meus favoritos é “Excalibur” de John Boorman. Não entrarei em detalhes, mas uma das cenas que resumem o filme é Sir Parsival, um dos cavaleiros de Arthur, sendo jogado ao rio por Lancelot e afundando lentamente em suas águas. Estava assistindo o filme em uma sessão na Universidade. Claro, algumas cenas foram alvos de diversas piadas e intermináveis risos… Afinal, estou numa universidade. Nem quero comentar as piadas.
Mas tal foi o silêncio nessa cena que citei que não se ouvia nada no auditório. Nada. As pessoas pararam num momento solene para ver Parsival se despir de sua armadura e voltar à vida, emergindo do rio.
Só ouvimos uma voz: “ele precisa se despir da condição de cavaleiro…”
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O Graal - Sangreal
Essa é a essência da cena. Era uma das metáforas mais poderosas que já vi. Dita por uma voz desconhecida, era isso o que pensávamos.  Ele abandona a condição de cavaleiro para alcançar o Graal, que é a chave para curar o seu seu rei . Ele tem de se despir do que é mundano para alcançar o sagrado.
Afinal, penso como o “pai” daquele famoso personagem... O Graal é a busca pelo sagrado dentro de todos nós.


Mitos sobre sapos


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Dendrobates_azureu por Michael Gäbler
Mitos sobre sapos
Sapos e Tempo
As rãs têm sido associadas com o clima em muitas culturas antigas.
Alguns aborígenes australianos e indígenas americanos acreditavam que os sapos são os causadores da chuva.
Na Índia, se acredita que o sapos personificam o trovão no céu. A palavra “sapo” também significa “nuvem”, em sânscrito!
Na China, eles vêem o “Sapo” (em muitas tradições as pessoas dizem que vêm um homem na superfície da Lua), e não o “homem” da lua. O sapo também é considerado “um dos cinco venenos de yin”. Eles dizem que os eclipses ocorrem quando o sapo que mora na lua tenta engolir a própria Lua!
Sapos e Sorte
Às vezes, as culturas associam com boa ou má sorte.
No Japão, as rãs são os símbolos da boa sorte. Um mito diz que os sapos boi são descendente de um sapo monstruoso que podia engolir todos os mosquitos de um lugar só comuma única respiração!
Alguns mitos são menos favoráveis para as rãs e sapos. Alguns folcloristas * alegaram que “Se o primeiro sapo que você vê na primavera está sentado no chão seco, significa que durante o mesmo ano que você vai derramar tantas lágrimas quanto o sapo exigiria para nadar a essa distância” Se, por outro lado, o primeiro sapo que você vê na primavera der saltos para a água, você experimentará desgraça todo o ano! No entanto, se a primeiro sapor vier pulando na sua direção, você terá muitos amigos e, se ele pular para longe de você, você vai perder alguns.
Sapos para algumas pessoas menos esclarecidas são associadas a encarnações do ma, demônios ou o próprio diabo!
Os sapos e verrugas
Alguns dizem que você pega verrugas se tocar rãs e sapos, mas a pele de rãs e sapos é assim para mantê-los úmidos, para camuflagem e alguns sapos e rãs têm glândulas que secretam veneno para sua proteção e que que podem causar irritações na pele e pode ser venenoso para algumas espécies de animais.
Os franceses e os sapos
Por alguma razão, o francês tem o apelido de sapos (frogs)… Há muitas teorias diferentes sobre o fato:
1)  O apelido de data do século 18, quando Paris foi cercado por muitos pântanos …  A nobreza francesa que iria visitava Versailles, aparentemente, se referia aos parisienses como sapos por causa do arredores pantanosos …E mais tarde é que os outros países começaram a estender o apelido para descrever os franceses em geral.
2) Outra história que é de soldados americanos adptaram o apelido para os franceses durante a II Guerra Mundial, porque eles comiam pernas de rã e escondiam muito bem quando camuflados
3) De acordo com algumas lendas, diz-se que no batismo de Clóvis, rei da França, por  St-Remi, os sapos da bandeira se transformaram em flor-de-lis e ela se tornou o emblema real da França. Também é dito que certas características dos sapos são encontradas na personalidade dos franceses, com ser enterrado por longo período sem ar, e ser capaz de reviver novamente.
4) Outra lenda diz que Elizabeth I da Inglaterra adorava sapos e se referia a quem ela amava e amigos mais próximos como “meus queridos sapinhos. Então, o jovem e belo embaixador da França, pelo qual ela tinha se apaixonado perdidamente quando ela era jovem, era chamado por ela como “meu querido sapo”. Isto é encontrado nos livros de história ingleses.
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Me lambe e lhe mostro o caminho
O ato de lamber o sapo era usado para entrar em contato com os deus, isso porque a toxina liberada por ele tinha efeitos alucinógenos.  Depois de algum tempo a Igreja Católico proibiu esse costumo dizendo que era coisa do diabo e afirmando que o sapo era amigo das bruxas.
Já os ciganos acreditavam que sapos e rãs podiam proteger de pragas, trazer boa sorte ao casamento, trazer chuva e seriam o espírito dos não-nascidos e dos mortos prematuramente. Então,  eram um símbolo da ressurreição.


A Lenda da Princesa Sainte Enimie

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Enimie era a filha do rei Dagoberto*, um merovíngio, e diziam quer era a donzela mais bela de todas. Ela era muito piedosa e desejou de todo coração se tornar freira. Infelizmente seu pai quis casá-la com um de seus muitos pretendentes, para formar uma aliança e ter vantagens daí como era comum na época. Ela se sentiu muito desgostosa e pediu a Deus que a ajudasse em suas orações. Por azar, ou sorte, ela foi contraiu hanseníase e claro, se cancelou o casamento.
Após algum tempo, talvez fruto de suas orações fervorosas, Enimie teve uma visão de uma fonte milagrosa que iria devolver-lhe a saúde. Ela reuniu um grupo de cavaleiros, e acompanhado de seu noivo e de seu pai, iniciou sua jornada. Após dias de viagem, eles encontraram ravina onde viram uma fonte jorrando da encosta e pararam para beber. Enimie bebeu e na mesma hora as chagas de sua doença começaram a se curar.
Curada, ela retornou para enfrentar o pai e noivo mas, logo que chegou à boca do desfiladeiro a doença retornou. Isso aconteceu não uma ou duas vezes, mas várias vezes, até que ficou claro para ela que Deus quis ela pra ficasse naquele lugar para viver uma vida de oração. Ela fundou uma abadia e viveu lá como abadessa até sua morte no ano de 628.
Em homenagem a ela, a aldeia passou a se chamar Sainte Enimie.

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