Segundo
o próprio autor esse livro é a união de duas coisas que atiçam o
imaginário humano: o horror e a 2ª Grande Guerra. Leitura de excelente
qualidade para aqueles que possuem o coração forte e não tem medo de
mergulhar na história dentro da história; nos bastidores de um conflito
cujas sequelas ainda hoje ecoam em nossa realidade.
Download: Link 1, Link 2
Lembrando
que o livro é totalmente gratuito, não há pirataria em divulgar seu
link, então se vocês ainda estão em duvida se vão baixar o livro, leiam
na integra uma parte do primeiro conto!!
Obs: A imagem do "continue lendo" está quebrada, então é só clicar no botão que tem escrito "tinypic" para ler o conto citado anteriormente!
Obs: A imagem do "continue lendo" está quebrada, então é só clicar no botão que tem escrito "tinypic" para ler o conto citado anteriormente!
A Solução Barbarosa
Em
22 de junho de 1941, teve início a Operação Barbarossa, em que,
descumprindo o Pacto Ribbentrop-Molotov, a Alemanha investiu contra a
Rússia. Em novembro do mesmo ano, já havia sido conquistada uma área
superior a quatro vezes a da Grã-Bretanha. Contudo, veio o rigoroso
inverno russo, e, com ele, uma onda de acontecimentos que mudou o fluxo
da maré, até então a favor dos alemães.
Em
dezembro, a operação teve fim – ao menos oficialmente. Não muito
depois, em Berlim, uma conferência decidiria a questão judia, traçando
em definitivo os rumos da História.
***
- Capitão, preciso dar uma resposta - disse o cabo Feldens, com sua fala de sempre, desprovida de emoções.
Lá
fora, prosseguiam os sons, aqueles murmúrios que se aglomeravam num
sussurro apavorante, forte como uma cachoeira, a interromper todo o
silêncio normal do inverno. Não havia tiros, a não ser os nossos, que já
eram ocasionais - a munição se esgotava. A torre do persistia, como
devia ser, mas até quando? Afinal, os insanos se atiravam loucamente
contra o aço da porta e não pareciam se queixar de dor do outro lado.
Quem tentava escalar era abatido. Por algum dos seis soldados, pelo sargento Much, ou por mim.
-
Capitão Heinrich - insistiu Feldens, esperando meu comando, uma
definição em poucas palavras do resultado de nosso experimento. Se fomos
bem-sucedidos, se o soro valia a pena. Um “sim” ou um “não”. Nada mais.
Ao
invés de responder, levantei. Seguiam as batidas na porta, incapazes de
abalarem-na o bastante. Caminhei pela sala a passos lentos, como que
incertos, mas eu não me permitia caminhar sem objetividade.
Apenas me pedia um momento, um momento para decidir, pois havia tanta coisa em jogo!
Quase
não havia iluminação, e, lá fora, o céu era todo de nuvens cinzentas.
Pela janela quebrada, por onde um dos soldados atirava naqueles que
tentavam escalar, entrava o frio do impiedoso inverno russo. Suspirando,
passei a mão nos cabelos, ajeitando-os para manter a minha dignidade.
Os rapazes todos suavam, menos eu.
–
Ajuda aqui! – gritou um dos soldados, e outros dois, ociosos, correram
até sua janela. Quais eram seus nomes? Eu não fazia ideia.
“Mas devia saber”, pensei, cônscio de que eles eram os únicos que restaram. Os únicos de centenas de milhares.
Por
algum motivo, não foram contaminados. Não, não usávamos essa palavra de
início. Diríamos que eles não foram agraciados. Pois era para ser um
dom. Lutar incansavelmente, resistir ao frio, à fome, e até à sede! Sem
contar os efeitos secundários: maior força, mais vigor, marchas mais
compridas (longas). E a cada dia eles se tornavam melhores, de modo
que não sabíamos o limite dos benefícios do soro.
Como também desconhecíamos o preço.
– Não erre, seu tolo! – gritou Much, o sargento. A essa altura, já estavam todos debruçados naquela janela.
Então
apanhei meu fuzil e fui até lá. Precisava, antes de responder, ver mais
uma vez. Eles estavam excitados, mas se deram conta de minha presença, e
não precisei proferir ordem alguma. Em meu silêncio, fiz com que dois
deles se afastassem, abrindo espaço para mim. Outros dois, ainda
concentrados, atiravam, intermitentes.
Por mais que você visse, era difícil acreditar. E, assim como o torpor do álcool, cada vez era diferente da anterior.
A
multidão se perdia de vista, em peles sem cor, cabelos brancos,
esparsos nas cabeças, e uniformes em trapos. Eles se 14 Os Selvagens
Cães Cadáveres de Guerra acotovelavam pela oportunidade, loucos por
ação. E, fazendo uma
pirâmide humana, subiam pela torre. Uma pirâmide monstruosa, seria melhor dizer.
Pois
por mais que tivessem marchado comigo, e seguido minhas ordens; por
mais que fossem meus compatriotas, sua humanidade ficara para trás, bem
como suas necessidades e as vidas que tinham.
Dois
rostos estavam bem próximos, de modo que se eu estendesse a mão, ela
seria agarrada. Olhei no fundo de seus olhos, aqueles olhos opacos, sem
brilho, tendendo ao vermelho. Os lábios, descarnados, expunham dentes
podres, e a pele se contorcia, agarrando-se aos ossos da face, como que
faltasse pouco para ela se rasgar toda.
... Bem se quiserem ler o restante é só fazer o download do livro gratuitamente nos links acima!
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