domingo, 4 de março de 2012

[Ebook] Os selvagens cadáveres de guerra





Segundo o próprio autor esse livro é a união de duas coisas que atiçam o imaginário humano: o horror e a 2ª Grande Guerra. Leitura de excelente qualidade para aqueles que possuem o coração forte e não tem medo de mergulhar na história dentro da história; nos bastidores de um conflito cujas sequelas ainda hoje ecoam em nossa realidade.


Download: Link 1, Link 2


Lembrando que o livro é totalmente gratuito, não há pirataria em divulgar seu link, então se vocês ainda estão em duvida se vão baixar o livro, leiam na integra uma parte do primeiro conto!!


Obs: A imagem do "continue lendo" está quebrada, então é só clicar no botão que tem escrito "tinypic" para ler o conto citado anteriormente!

A Solução Barbarosa



Em 22 de junho de 1941, teve início a Operação Barbarossa, em que, descumprindo o Pacto Ribbentrop-Molotov, a Alemanha investiu contra a Rússia. Em novembro do mesmo ano, já havia sido conquistada uma área superior a quatro vezes a da Grã-Bretanha. Contudo, veio o rigoroso inverno russo, e, com ele, uma onda de acontecimentos que mudou o fluxo da maré, até então a favor dos alemães. 

Em dezembro, a operação teve fim – ao menos oficialmente. Não muito depois, em Berlim, uma conferência decidiria a questão judia, traçando em definitivo os rumos da História.



***

- Capitão, preciso dar uma resposta - disse o cabo Feldens, com sua fala de sempre, desprovida de emoções.

Lá fora, prosseguiam os sons, aqueles murmúrios que se aglomeravam num sussurro apavorante, forte como uma cachoeira, a interromper todo o silêncio normal do inverno. Não havia tiros, a não ser os nossos, que já eram ocasionais - a munição se esgotava. A torre do persistia, como devia ser, mas até quando? Afinal, os insanos se atiravam loucamente contra o aço da porta e não pareciam se queixar de dor do outro lado.

Quem tentava escalar era abatido. Por algum dos seis soldados, pelo sargento Much, ou por mim.

- Capitão Heinrich - insistiu Feldens, esperando meu comando, uma definição em poucas palavras do resultado de nosso experimento. Se fomos bem-sucedidos, se o soro valia a pena. Um “sim” ou um “não”. Nada mais.

Ao invés de responder, levantei. Seguiam as batidas na porta, incapazes de abalarem-na o bastante. Caminhei pela sala a passos lentos, como que incertos, mas eu não me permitia caminhar sem objetividade.

Apenas me pedia um momento, um momento para decidir, pois havia tanta coisa em jogo!

Quase não havia iluminação, e, lá fora, o céu era todo de nuvens cinzentas. Pela janela quebrada, por onde um dos soldados atirava naqueles que tentavam escalar, entrava o frio do impiedoso inverno russo. Suspirando, passei a mão nos cabelos, ajeitando-os para manter a minha dignidade. Os rapazes todos suavam, menos eu.

– Ajuda aqui! – gritou um dos soldados, e outros dois, ociosos, correram até sua janela. Quais eram seus nomes? Eu não fazia ideia.

“Mas devia saber”, pensei, cônscio de que eles eram os únicos que restaram. Os únicos de centenas de milhares.

Por algum motivo, não foram contaminados. Não, não usávamos essa palavra de início. Diríamos que eles não foram agraciados. Pois era para ser um dom. Lutar incansavelmente, resistir ao frio, à fome, e até à sede! Sem contar os efeitos secundários: maior força, mais vigor, marchas mais compridas (longas). E a cada dia eles se tornavam melhores, de modo que não sabíamos o limite dos benefícios do soro.

Como também desconhecíamos o preço.

– Não erre, seu tolo! – gritou Much, o sargento. A essa altura, já estavam todos debruçados naquela janela.

Então apanhei meu fuzil e fui até lá. Precisava, antes de responder, ver mais uma vez. Eles estavam excitados, mas se deram conta de minha presença, e não precisei proferir ordem alguma. Em meu silêncio, fiz com que dois deles se afastassem, abrindo espaço para mim. Outros dois, ainda concentrados, atiravam, intermitentes.

Por mais que você visse, era difícil acreditar. E, assim como o torpor do álcool, cada vez era diferente da anterior.

A multidão se perdia de vista, em peles sem cor, cabelos brancos, esparsos nas cabeças, e uniformes em trapos. Eles se 14 Os Selvagens Cães Cadáveres de Guerra acotovelavam pela oportunidade, loucos por ação. E, fazendo uma
pirâmide humana, subiam pela torre. Uma pirâmide monstruosa, seria melhor dizer.

Pois por mais que tivessem marchado comigo, e seguido minhas ordens; por mais que fossem meus compatriotas, sua humanidade ficara para trás, bem como suas necessidades e as vidas que tinham.

Dois rostos estavam bem próximos, de modo que se eu estendesse a mão, ela seria agarrada. Olhei no fundo de seus olhos, aqueles olhos opacos, sem brilho, tendendo ao vermelho. Os lábios, descarnados, expunham dentes podres, e a pele se contorcia, agarrando-se aos ossos da face, como que faltasse pouco para ela se rasgar toda.

... Bem se quiserem ler o restante é só fazer o download do livro gratuitamente nos links acima!

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