segunda-feira, 5 de março de 2012

Contos Do Terror

Agonia

Já faz algum tempo. Não sei quantas horas. Mas já faz algum tempo. Sinto o ar descontinuar. Sinto dor nos meus braços, meus movimentos estão limitados. Como se eu estivesse numa pequena câmara. O ar está acabando. Tento gritar, mas a câmara é tão pequena que meu grito me ensurdece. Um colchão pouco confortável me rodeia. Panos. Panos por todos os lados. Tento me lembrar do que aconteceu antes d’eu chegar aqui. Eu estava doente. Eu estou doente. Lembro-me de algo grave, pois todos falavam comigo com pena. Eu odeio isso! Está tão ruim de respirar. Chamo por alguém, mas ninguém me ouve. Eu estou na horizontal, sinto isso. Bato três vezes no teto, mas é maciço atrás desses panos. Ninguém me ouve. Minha respiração é pesada. Tento respirar lentamente para que o ar dure um pouco mais. Mas é em vão. O ar já não é mais o suficiente. O oxigênio que nele continha já está no fim. Arranho com as unhas o acolchoado, tento atravessá-lo. Madeira! Tento arranhar a madeira, tento passar por ela, vejo que já não tenho mais unhas, elas ficaram no teto. Junto com as pontas de meus dedos. O ar está acabando. O escuro fica mais fosco. Mas foi só quando eu espirrei por causa das flores que notei que tinha sido enterrado vivo. 
 
 
Caminhando sobre a Lua

Era um jovem bastante criativo. Viajava muito e, por isso, aprendera várias línguas. Seus pais sempre se preocupavam em suas viagens, pois, às vezes, demorava muito pra voltar. E sempre que voltava trazia grandes novidades dos lugares por onde passava, mas seus pais não o ouviam, não se interessavam por suas histórias. A preocupação era tanta que nem dava tempo de dar a atenção ao que queria dizer sobre tudo.

Conhecia bastantes pessoas nessas viagens, mas achava que não era o suficiente, pois seus pais sempre lhe apresentavam novos amigos que queriam saber sobre essas viagens. Contava-lhes tudo o que acontecia, com bastante entusiasmo. Não sabia o porquê, mas estes mandavam tomar remédios, mesmo não sentindo dor alguma. E dizia que seria muito perigoso se ele não os tomasse. Esses remédios faziam perder a vontade de viajar. Aliás, tirava a vontade de fazer qualquer coisa. Ficava triste num canto do quarto. Sem estar viajando e sem estar ali. Tinha muita vontade de ir à Lua. Mas esses remédios lhe tiravam o ânimo.


Certa vez, ele fingiu tomar os remédios. E, assim o fez por mais dois dias. Sua alegria voltara, mas sabia que não poderia contar pra ninguém. Estranho, mas eles não gostavam de vê-lo assim. Então, ele resolveu viajar. Realizar o seu grande sonho de infância. Conhecer a Lua. E ele o fez. Fez a sua tão esperada viagem. Ele conheceu a Lua. Uma viagem tão espetacular, que jamais quis voltar. Jamais voltou.


Sem comentários:

Enviar um comentário